Alergia à proteína do leite da vaca vira oportunidade.

O aumento do número de pessoas que apresentam restrições ao consumo de leite de vaca fez com que nos últimos anos crescesse a oferta de leite e derivados em supermercados para o público intolerante à lactose.

No entanto, existem pessoas que apresentam outra restrição: a intolerância à proteína do leite. Algumas questões sobre a Alergia à Proteína do Leite da Vaca (APLV) estão em destaque no boletim produzido pelo Sistema de Inteligência Setorial (SIS) do Sebrae. Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), atualmente no Brasil existem cerca de 350 mil crianças alérgicas ao leite de vaca (esse tipo de doença atinge mais crianças, principalmente bebês). Destas 350 mil, estima-se que 70 mil já tiveram ou vão ter alguma reação do tipo anafilática, o que torna o problema ainda mais grave. Estudos ligados à saúde apontam que de 5% a 8% dos bebês possuem alergia ao leite e 0,5% a 1% dos adultos desenvolvem o mesmo problema. Atualmente a maioria do leite de vaca produzido no Brasil possui a proteína que causa a alergia. Para produzir leite e seus derivados sem a proteína é necessário que o rebanho de vacas possua um manejo diferenciado e uma criação separada das demais. Além dessas medidas, todas as demais etapas da cadeia produtiva também necessitam de cuidados especiais, encarecendo a produção e repassando os custos ao cliente final. Esse contexto de crescimento da demanda e oferta baixa oferece oportunidades aos produtores. O desafio consiste em tornar o preço da produção mais acessível, já que uma lata contendo leite não alérgico chega a custar R$ 200.

 

PESQUISA E PRODUÇÃO

A proteína betacaseína tipo A1 é o elemento causador da alergia ao leite de vaca. Para produzir um leite não alérgico é necessário que haja nos rebanhos vacas com os genes A2A2. O melhoramento genético é a melhor alternativa na produção. O principal obstáculo é que para a obtenção de um rebanho homozigoto (ou seja, A2A2) são necessários muitos anos de trabalho.

O Brasil já caminha com pesquisas para a produção de leite não alérgico. O país muitas vezes importa métodos e conhecimentos de países em que estão com pesquisas avançadas. Isso porque a oportunidade de oferecer produtos no mercado sem a proteína deve crescer para atender a esse mercado consumidor em expansão.

Na Embrapa, a unidade Gado de Leite da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária lidera um estudo sobre genotipagem de vacas. A pesquisa trabalha com o melhoramento genético e tem como objetivo excluir o A1 dos genes, criando apenas vacas de A2A2, ou seja, que não possuem a proteína animal que gera a alergia.

Os zebuínos, gir, sinsi guzerá e girolando, são os animais mais adequados para esse tipo de manejo. O laboratório Gene/Genealógica, de Belo Horizonte (MG) desenvolveu uma metodologia que implica baixo custo para a verificação dos genes. Ao longo do tempo ter um rebanho não alérgico pode ser uma grande oportunidade aos produtores.

Trabalhando com essa prática genética há oito anos, o produtor e veterinário Eduardo Falcão, de São José dos Campos (SP), lançou o primeiro produto brasileiro não alérgico. Ele oferece queijos, iogurtes e manteigas. Ele possui atualmente 250 animais da raça gir leiteiro, todos A2.

Em Carlos Barbosa (RS), o Sindicato de Leite e Laticínios do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat) desenvolve um projeto de genotipagem. Com os testes genéticos e o manejo diferenciado e aplicados na cadeia produtiva, estima-se que o leite não alérgico possa chegar às prateleiras dos supermercados a um valor de R$ 12.

No Piauí, criadores da raça gir leiteiros de origem indiana também produzem o leite não alérgico. Uma fazenda da zona rural de Teresina adquiriu 300 animais da raça não alérgica. Com o leite, o produtor ainda consegue produzir queijo coalho não alérgico com menor teor de gordura.

 

SINTOMAS DA ALERGIA

Os sintomas dos alérgicos em geral são:
– Problemas no estômago e intestino;
– Manchas vermelhas na pele associadas à coceira;
– Inchaço nos lábios e nos olhos;
– Anafilaxia;
– Choque anafilático

Por atingir na maioria dos casos bebês menores de 1 ano de idade, a alergia é uma doença muito séria. O tratamento está associado à dieta alimentar da criança e muitas vezes da mãe, já que muitos bebês ainda se alimentam com o leite materno e a proteína pode passar pelo leite. Os bebês que apresentam a alergia não devem ingerir nenhum produto derivado de leite de vaca. As mães que amamentam entram também nessa dieta. Além disso, deve-se também tomar cuidado com os utensílios para o preparo dos alimentos, que não devem ter contato algum com a proteína.

 


Fonte: Terra Viva

EUA – ADPI estabelece os primeiros padrões da indústria para a proteína do soro de leite.

O Instituto Americano de Produtos Lácteos (ADPI, sigla em inglês) criou os novos padrões para a proteína do soro de leite obtida diretamente do leite, a primeira para a indústria de laticínios, de acordo com o diretor técnico do ADPI, Dan Meyer.

 

 

Até hoje somente eram estabelecidos os padrões para a proteína do soro de leite procedente da produção de queijo. “Agora abrangemos todas as proteínas de soro de leite, incluindo as que não sejam subprodutos do queijo”, disse Meyer ao DairyReporter.

Para desenvolver os padrões, o ADPI criou uma “força tarefa” para desenvolver e redigir o padrão que será apresentado a um conselho de aproximadamente 50 membros para ser aprovado. “Tínhamos alguns membros que fabricavam o soro natural, e confiamos em suas contribuições, utilizando seus dados para desenvolver este padrão”, disse Meyer.

 

DEFINIÇÃO ESPECÍFICA PARA PROTEÍNA DE SORO DO LEITE

O padrão define que o produto proteína do soro seja obtido diretamente do leite, e que o produto depois de seco e acabado não tenha menos do que 25% de proteína. A proteína do soro será obtida através de microfiltração e/ou cromatografia do leite ou combinação do leite desnatado com ultrafiltração, nanofiltração, evaporação, diálise, ou “qualquer outro processo seguro e saudável no qual toda ou parte da lactose, minerais e umidade possa ser removida”.

O produto não pode ser produzido por qualquer processo ou combinação de processos que inclua coagulação enzimática da proteína e/ou precipitação ácida da proteína do leite bovino ou leite desnatado, acrescentou o ADPI.

O produto Proteína do Soro de Leite que contenham menos de 89,5% de proteína será denominado “Proteína Concentrada de Soro de Leite”, e o produto proteína de soro de leite que tenha um teor igual ou superior a 89,5% será chamado de “Proteína Isolada de Soro de Leite”, de acordo com os novos padrões.

A ADPI espera, eventualmente, que o novo guia de proteínas de soro de leite seja adotado ao nível global, como padrão pelo CODEX, diz Meyer.

“Esperamos que este padrão industrial desenvolvido pelo ADPI ofereça à indústria e aos consumidores melhor compreensão da função e composição de muitos ingredientes lácteos nutricionais em pó produzido nos Estados Unidos, e que venham a ser referências reconhecidas mundialmente para esses produtos”, disse o presidente do ADPI, David Thomas.

 


Fonte: Terra Viva.