Elopak se une com Arla Foods na primeira embalagem ecológica de leite

A Elopak fez uma parceria com a Arla Foods na Suécia, lançando vários produtos orgânicos EKO usando embalagens Naturally Pure-Pak, feitas de papel cartão marrom natural. Os cartões Natura Life, da Stora Enso, mantêm a cor marrom natural das fibras de madeira criando uma embalagem sustentável e autêntica que atende a demanda por produtos éticos, ecológicos e orgânicos.

 

Embalagem cartonada.

LEITE ORGÂNICO, LEITE FERMENTADO E CREME

Anna-Karin Modin Edman, gerente de sustentabilidade da Arla, disse que os cartões serão usados primeiro para embalar leite orgânico, leite fermentado e creme, com planos para ampliar para mais produtos no futuro.

“A Arla está dando mais um passo em direção às embalagens ainda mais ecológicas em seus produtos lácteos orgânicos. Ao remover uma camada de material, o impacto climático da embalagem é reduzido em mais 24%. Isso também significa que a clássica embalagem EKO branca agora ficou marrom”. A ambição geral da Arla é reduzir o impacto ambiental das embalagens em 25% até 2020, em comparação com 2005.

A empresa disse que, com esse lançamento, a embalagem orgânica prepara o terreno para reduzir sua pegada ambiental. “Todos os anos embalamos quase um bilhão de produtos na Suécia e queremos garantir que temos a melhor embalagem possível para o clima e o meio ambiente. Devido à remoção de uma camada de material, o impacto do cartão no ambiente é reduzido em 24% e seu peso em 3% em relação à versão anterior. Como vendemos grandes volumes desses produtos, a nova embalagem terá um efeito significativo”.

A embalagem Pure-Pak com papel cartão marrom natural está disponível em tamanhos de 1 litro e 500 ml. Ela funciona nas linhas de enchimento de embalagem que já existem para produtos frescos e longa vida sem modificações ou mudanças nas configurações da máquina. É 100% reciclável e pode ser reciclada por meio dos canais existentes de reciclagem.

“Todas as embalagens de cartão de produtos líquidos que provêm de florestas bem manejadas são ecológicas, mas essa embalagem alcança novos níveis em embalagens responsáveis pelo clima”, disse Ivar Jevne, vice-presidente executivo da Elopak. “A inovação é o resultado de reunir os melhores conhecimentos, competências e experiências da nossa colaboração com a Stora Enso. Este não é apenas um outro papel para nossas caixas Pure-Pak, mas um conceito totalmente novo”.

Edman acrescentou que a embalagem Pure-Pak vai chamar a atenção nas prateleiras dos supermercados, pois comunica valores orgânicos e é “totalmente diferente de qualquer outra coisa no segmento de produtos lácteos refrigerados cada vez mais complexos”. A embalagem é produzida pela Stora Enso, com a maioria das fibras provenientes de florestas suecas e norueguesas.

“Estamos satisfeitos com a cooperação com a Elopak e estamos ansiosos para apresentar a nova linha de embalagens não branqueadas Natura Life da Stora Enso”, disse Annica Bresky, vice-presidente executiva da divisão de consumidores da Stora Enso. “O que torna este cartão único é que ele tem marrom por dentro e por fora. Isso aumentará a aparência orgânica das embalagens e destacará elas nas prateleiras”.

Fonte: Dairy Reporter

Pesquisadores alemães desenvolvem uma cápsula de leite que dissolve em líquido quente

Pesquisadores da Martin Luther University Halle-Wittenberg (MLU), na Alemanha, desenvolveram uma cápsula de leite que se dissolve quando colocada em uma bebida quente. Isso não somente reduz o consumo de material de embalagem, mas as cápsulas são mais fáceis de usar do que os recipientes de plástico convencionais. O grupo de pesquisa publicou suas descobertas na revista “Chemical Engineering & Technology”.

As novas cápsulas de leite podem ser comparadas com cubos de açúcar preenchidos com leite ou leite condensado. “Uma crosta cristalina forma um tipo de embalagem em torno das cápsulas que se dissolvem facilmente em líquidos quentes”, explica Martha Wellner, que desenvolveu o processo como parte de seus estudos de doutorado no antigo Centro de Ciências da Engenharia da MLU sob orientação do professor de Engenharia, Joachim Ulrich.

A produção das cápsulas é relativamente simples. Primeiro, uma solução de leite e o açúcar desejado, ou qualquer outro material não doce que dê as propriedades do revestimento, é produzido e colocado em um molde. À medida que a solução esfria, o excesso de açúcar se move para a borda do líquido, formando cristais. A solução de açúcar e leite enche o interior. Wellnee conduziu vários ensaios para examinar quais materiais e quais processos de resfriamento davam os melhores resultados.

Atualmente, existem duas opções para recipientes de leite: adoçados e levemente adoçados. Os pesquisadores ainda estão trabalhando em uma versão sem açúcar. As cápsulas podem ser produzidas em vários formatos e armazenadas a temperatura ambiente. Uma vez encapsulado, o leite pode permanecer durante pelo menos três semanas. “Nossos processos também podem ser usados para outros líquidos. Por exemplo, também podemos encapsular o concentrado de suco de frutas”, explica Wellner.

Joachim Ulrich levantou a ideia do processo de encapsulamento anos atrás. Sua equipe vem estudando processos de formação de cristais por muitos anos, buscando maneiras de aplicá-los na indústria, por exemplo, na produção de pílulas.

“Nós já estudamos diferentes processos de encapsulamento como parte de outros projetos de doutorado, porém com outros objetivos em mente”, diz Ulrich. Ele acredita que o desenvolvimento novo e ecológico tem muitas aplicações potenciais. “Por exemplo, as cápsulas poderiam substituir a pequena e nada prática embalagem de creme de café que é usada em grandes quantidades em conferências ou em aviões”.

Os cientistas já registraram uma patente para o processo em 2015; entretanto, ainda não existe o produto final no mercado. Antes disso, deve-se investigar se as cápsulas de leite atendem a todos os requisitos legais exigidos para as compras em geral e também se as cápsulas podem ser produzidas como produtos industriais.

Fonte: Martin Luther University Halle-Wittenberg.

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O que está acontecendo no mercado brasileiro?

Dentre as diferentes variáveis que influenciam o mercado lácteo brasileiro, a produção nacional de leite é, provavelmente, a que mais diferença vem fazendo este ano.

Enquanto que em 2015 e 2016 a produção caiu, respectivamente, 2,8% e 3,7% (depois de 20 anos de crescimento ininterrupto!), os números preliminares deste ano mostram um aumento significativo dos volumes produzidos. Este aumento da oferta pode ser observado pela evolução dos volumes de produção dos participantes do MilkPoint Radar, aplicativo gratuito de compartilhamento de informações entre produtores de leite e consultores.

O crescimento da produção de junho em relação a maio foi de 6,4% e, no fornecimento de julho, o cenário indica também, crescimento de 5,7% nos volumes de produção em relação ao mês anterior. É possível notar, no gráfico 1, que estes valores seguem muito superiores à média histórica reportada pelo IBGE (de 1997 a 2016).

Gráfico 1. Variação de oferta entre os meses – MilkPoint Radar x IBGE (média histórica). Fonte: elaborado pelo MilkPoint Radar, com base em dados do MilkPoint Radar e IBGE.

Outro dado que chama atenção é o crescimento segundo o Índice de Captação – ICAP, apurado mensalmente pelo Cepea. Segundo este indicador, o crescimento acumulado dos volumes de leite captados pelas empresas pesquisadas é de 6,2% entre janeiro e julho deste ano em relação ao mesmo período de 2016. Chama a atenção a aceleração do crescimento dos volumes, chegando, no mês de julho deste ano, a um crescimento de 14,1% em relação ao índice de julho/2016 (gráfico 2).

Gráfico 2. Evolução do ICAP/Cepea – 2017 vs. 2016. Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado, com base em dados do Cepea.

Considerando que, de janeiro a julho de 2016 a produção formal de leite brasileira (segundo aferição da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE) foi de 12,9 bilhões de litros de leite, um crescimento de 6,2% nestes volumes em 2017 (conforme este sinalizado pela variação do ICAP) significaria cerca de 800 milhões de litros a mais no mercado. É importante informar, no entanto, que os dados oficiais do IBGE referentes a produção de leite no segundo trimestre de 2017 serão divulgados no próximo dia 14/09 (historicamente, o ICAP tem uma correlação com o índice oficial do IBGE da ordem de 89%).

Para o Diretor de Agropecuária da Aurora Alimentos, Marcos Antônio Zordan, o excesso de produção de leite vem preocupando o setor leiteiro de Santa Catarina. No último fim de semana, em uma rádio catarinense, ele destacou que o setor pode entrar em crise por excesso de produção, queda no consumo e importações, o que provocaria uma super oferta e comprometeria a renda das indústrias de laticínios, fato que refletiria na baixa dos preços pagos ao produtor.

Confira o áudio abaixo com Marcos Antônio Zordan:

Do lado das importações, assunto recorrente e preocupação bastante presente nas discussões do setor, os volumes comprados pelo Brasil no exterior de janeiro a julho deste ano são, em equivalente litros de leite, 13,5% menores que as compras de 2016. Em 2016, de janeiro a julho, foram internalizados cerca de 1 bilhão de litros de leite equivalente e, em 2017, este número foi de cerca de 869 milhões, um volume ainda significativo, mas cerca de 131 milhões de litros menor que no ano passado.
Do lado do consumo final, infelizmente o cenário é semelhante a 2016 e 2015.

Segundo dados da Nielsen, apresentados no Fórum MilkPoint Mercado realizado no início de agosto em Uberlândia, a queda de volumes de venda da cesta de lácteos (que agrega todos os derivados lácteos monitorados no varejo pela empresa de pesquisa) é de 4,5% no primeiro semestre deste ano em relação ao ano passado. Como todos sabemos, esta queda de consumo (e de vendas aos consumidores finais) tem grande relação com a situação de recessão da economia brasileira e com o elevado nível de desemprego, que juntos desestimulam o consumo de lácteos. Adicionalmente, vale lembrar que, nos primeiros 6 meses do ano, os preços ao consumidor para os queijos e leites em pó estavam mais altos do que em 2016, o que agrava a situação de consumo.

Neste cenário, vemos os preços caírem, já há algum tempo, no atacado (preços de venda da indústria aos canais de varejo), no mercado spot (leite vendido entre indústrias) e, mais recentemente, no varejo e ao produtor. Nessa linha, algumas redes varejistas estão realizando promoções para a venda de leite e escoamento dos produtos envolvendo várias marcas.

Nos valores pagos aos produtores de leite a queda acumulada já ultrapassa os 12 centavos por litro, observada no aplicativo MilkPoint Radar nestes últimos meses. Observe no gráfico 3 abaixo como evoluíram os indicadores de preço nos últimos 12 meses de análise.

Gráfico 3. Evolução dos indicadores de preços líquidos do MilkPoint Radar.

Fonte: MilkPoint Radar

 

A queda nos preços tem sido a realidade para a maioria dos produtores que participaram do MilkPoint Radar em agosto – cerca de 83% de nossa base, podendo ser observada em todas as faixas de produção e variando entre -5 (abaixo de 250 litros/dia) e -9 (acima de 6.000 litros/dia) centavos – gráfico 1.

Gráfico 4. Preços líquidos por faixa de produção (leite pago em agosto). Fonte: MilkPoint Radar.

O que pode trazer novidades para este cenário?

De um lado, as quedas nos preços aos produtores e a sua intensidade daqui para frente podem trazer desestimulo à produção, reduzindo o ritmo de crescimento observado até o momento – isto reduziria o crescimento da oferta interna de leite. Ao mesmo tempo, as reduções de preços ao longo da cadeia produtiva podem voltar a estimular o consumo de lácteos, bastante sensível a variações de renda e de preço.

Finalmente, a própria reação da economia brasileira pode ajudar. Segundo apuração do IBGE, a variação do PIB brasileiro no segundo trimestre deste ano (em relação ao mesmo trimestre de 2016) já deixou de ser negativa, com crescimento de 0,3%. Ainda que bastante pequeno, este crescimento do PIB já parece ter estimulado o consumo das famílias, também medido pelo IBGE, que apresentou crescimento de 0,7% no trimestre em relação ao ano passado. Seria uma luz no fim do túnel? Esperemos que sim.

Fonte: MilkPoint